sábado, 16 de julho de 2011

Irreversível

Nesta fração de segundos que se seguem, a vida humana pouco significa. A matéria é carregada de pesos que o tempo não poupou-se em descarregar. Eis a passagem da qual espero ansiosa. Uma viagem de trem sobre as lembranças de um ser que tentou. Ao máximo desta jornada interminável, a crença por algo, seja profissão, família, se encerra. Não há uma vida que acredite que desta experiência humana que somos falsamente manipulados a correr contra o tempo, se renda a escuridão eterna. Não queremos acreditar, e não podemos acreditar. Nesta infinidade de anos que nos criamos, ainda duvidamos do que se segue após a deixa de nosso corpo, a morte. A leveza com a qual sonhamos, aquele descanso longo, a falta de preocupação, ocorrerá quando deixarmos de crer que vivemos por apenas uma vida. E os erros que nos perturbam dia após dia se extinguirão, na queda e na deixa destes para trás.
Somos fracos, mas persistentes. Fracos o suficiente para persistimos no que não podemos fazer. E ao sermos julgados nos armamos para aquilo que nos derruba. Humanos. Humanos hipócritas que bloqueiam suas mentes para seu próprio interior. Humanos que acreditam no apocalipse e que o mundo acabará em 2012. Humanos que sabem dizer não e fechar as portas na cara do seu companheiro. Se consideram tão cheios de si, que não sabem o quão mal se defrontam. E ao dormir rezam. Rezam por alguém que duvidam a existência.
Nossa maior fraqueza é o físico. Aparência pouco importa! Estúpidos seres que a encaram como a perfeição divina. Divino disto pouco é. Será tão nobre a sua alma, tão esclarecedora dos fatos, tão absinta dos pudores do mundo? E chegará um dia em que estará tão absordo dos acontecimentos que se renderá, e então aquela sensação de liberdade tomará conta do que realmente é. Não precisará mais lutar por aquela razão que no inconsciente delirante te arrebenta com os pensamentos. A verdade te encontrará, sem que precises. O incógnito, o indecifrável receio do solitário te abraçará. As doces manhãs de domingo serão rotineiras. Por fim deste mar do que pouco conhecemos, nos limitamos a crer, e a repousar em cima do real.
Crucifique-me por tais ofensas. Ainda há tempo para mudar. E aquelas lágrimas que escorreram por estes olhos, se esvairão. Um retorno, uma renascença. Rostos iguais aos seus dão seu último suspiro todos os dias.
Da sua qualidade e palavras gentis, não podem curar agora.
Dê uma olhada no céu que te cobre. Perceba além de seus mistérios um apoio para suas mudanças. Não diga adeus para aquele que te encontrará mais tarde. Tudo está marcado no tempo para desaparecer, até que seja permitido ser livre.

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